A Retórica Nua tem como principal função expor alguns de meus pensamentos, idéias e textos nem um pouco acadêmicos. O objetivo é a diversão e a liberdade"nua e crua" de se escrever qualquer coisa. Sejam Bem vindos e Boa Leitura!

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

A voz silenciada de Jango


QUEM EU SOU?


Uma espécie de Vasco da Gama da política eleitoral brasileira. Tive uma história linda, de vitórias, de defesa da classe trabalhadora e de luta pela liberdade. Vice por duas vezes consecutivas, acabei rebaixado por um golpe civil-militar em 1964 e nunca mais voltei a ser o mesmo. 









VAI DEVAGAR QUE SINTO CÓCEGAS:


Achei que as notícias sobre a exumação (prevista para 13/11/2013) do meu cadáver deixariam a nação de joelhos, paralisada, à espera dos próximos acontecimentos. Não se trata de imodéstia. As circunstâncias da minha morte e tudo que ela envolve são mais interessantes do que a maioria das novelas e seriados à la mode. Imaginei que pelo menos os fãs de House of Cards e The Walking Death demonstrariam algum interesse. Se alguma revelação vier a público no mesmo dia em que, por exemplo, um Pato qualquer perca um pênalti, creio que a repercussão não passará de alguns retuítes. Eu terei sido submetido a cócegas com luvas de látex por nada.
O episódio fica mais interessante com os personagens ao redor da trama principal. Chamaram um perito cubano em exumações. O mesmo sujeito que exumou Che Guevara. Passei minha carreira política inteira tentando convencer os brasileiros de que não era comunista. Aí vão me exumar e chamam um cubano? Que beleza, heim, camaradas? O PCB não teria feito melhor. Ah, e espero que ele não seja hostilizado no aeroporto nem seja forçado a se exilar em minha cova. Aliás, cabe a pergunta: não há peritos no Brasil? Pelo jeito, o governo está precisando criar, também, o programa Mais Exumadores.
Apesar da concorrência desleal com os concursos de Miss Bumbum e a reta final do brasileirão, penso que a exumação significa uma chance de volta à mídia. Tinha uma carreira promissora nos anos 1960, mas fiz escolhas erradas. Em primeiro lugar, em 1961, quando Jânio renunciou, deveria ter fingindo que não era comigo e ficado comendo uns yakissobas com o Mao na China. De repente, teria criado por lá uma estatal chinesa da construção civil, a Reforma de Bases S.A, ou a Trienal S.A junto com o Celso. Enterraríamos a concorrência e estaríamos em tudo quanto é loja de piso no mundo hoje em dia.
Mas o que mais me arrependo é do Comício da Central. Foi um erro de planejamento estratégico, vulgo: calor do momento. Pra começo de conversa, falando em exumação de cadáver, o Serra, então presidente da UNE, discursando, só podia ser um mau agouro. Além disso, deveria ter colocado uns artistas se apresentando. Uns medalhões da MPB pros coroas, um Teatro Mágico da vida pra galera mais jovem e até uns padres cantores ou umas atrações da música gospel. Quem sabe não era uma maneira de impedir o toque alto do clarinete. Com sorte seria o suficiente pra evitar a Marcha da Família com Deus pela Liberdade e algumas cócegas. 

Aos queridos: Celso Furtado, Knijnik e Cal.

Assinado: JanGO§

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