Minha querida, minha ficha caiu. Não pelo medo de nunca mais te ver. Não pelo fato de, após algumas décadas, eu utilizar a frase "na minha época" com ufanismo. Muito menos pelas horas que passarei observando as mudanças fisiológicas no espelho em determinado momento. A minha ficha caiu pela possibilidade do "se". Como seria "se" estivesse segurado mais a sua mão. E "se" a beijasse ainda mais? Como seria "se" estivesse usado mais os verbos "amar", "sorrir" e "agradecer" não apenas no pensamento, mas também em minhas ações. Como seria "se" estivéssemos aproveitado, ainda mais, cada minuto juntos. E se sorríssemos ainda mais para as pessoas? Como seria "se" eu teria te ouvido ainda mais? E "se" não discordássemos tanto? E "se" fossemos menos preconceituosos, limpos de um determinismo, as vezes, impostos pelas hierarquias sociais? E "se" não fossemos tão materialistas... Como seria "se" eu estivesse utilizado mais meu tempo para a coisa que verdadeiramente importa: o nós. E se fosse mais humano? Como seria "se" estivesse anulado todas as conjunções condicionais não propriamente da gramática, mas, também, da minha vida. Como seria se não mais existisse o "se", mas simplesmente: o "você".
Nenhum comentário:
Postar um comentário